UM SENTIMENTO CHAMADO SERGIPE
- Temporada Sergipanidades
- 20 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Texto escrito por Denio Santos Azevedo, publicado originalmente na página Sergipe Trade Tour em 08 de julho de 2020

Eu sou sentimento de pertencimento Um estado de espírito Tenho história e memória Sou alma, símbolo e conhecimento Prescrito e irrestrito
Sou filho de índias, vaqueiros e negras Nasci nas mãos de parteiras Brinquei nos rios e nas praias Fiz andanças corriqueiras Nos sertões, serras e atalaias
Sobrevivo da lida de pescadores e marisqueiras Das Catadoras e das cozinheiras Dos queijeiros e das doceiras Dos roçados das roceiras Dos milhos, tapiocas e macaxeiras
Sou pai, mãe e filho de santo Fiel, devoto e penitente Lavo a alma com as águas de Iemanjá Com a Verônica deságua o meu pranto De Padre Pedro sou confidente
Sou hospitaleiro de sorriso farto Solto pipa e dou voltas como pião Faço Cuscuzinho com areia Salto amarelinha de Aracaju à Lagarto Piloto rolimãs do litoral ao sertão
Rodo o território feito Parafusos Sambo nos Cocos, Aboio e Pareia Danço nos Reisados, Cacumbis e Taieiras Resisto como os Lambe-Sujos Moro na Mussuca, Mocambo e Porto D’Areia
Navego no barcos de fogo e tototós No carro de bois sou carreiro Nado como um náufrago e Zé Peixe Ando de marinete nos forrobodós Caminho com os versos do Sapateiro
Bebo nas Fontes de Aglaé, Ilma, Hermes e Silvério Com Fausto a alma dos sergipanos e de Sergipe O Leite de Tobias Rabelo e Prado Sampaio Sou Sobrinho de Sebrão das Laudas do Império Afilhado Manuel Bomfim, Tobias Barreto e Araripe
Dentre tantas idas e vindas com Beatriz fui a Riachão Encontramos Ibarê e Francisco Com os Santos, carreguei a Cruz de Alda e suas berlindas Com Paim sonhei com a Revolução
Tenho a harmonia das orquestras Sinfônica, filarmônica e sanfônica De Atabaques dos terreiros Dos ogans, maestros e maestras Sou Multicultural e polifônica
Pinto a vida com as tintas dos encantos De Horácio Hora e Jordão de Oliveira J Inácio, José Fernandes e Leonardo Alencar Jenner Augusto, Florival e Álvaro Santos Hortência Barreto, a boneca e a brincadeira
Sou Americano no choro de Luiz Sou vaqueiro sertanejo na sombra da jaqueira de Josa Sou Edgar do Acordeon, forró raiz Sou sergipano como José Augusto Sou sergipana do coco da capsulana de Amorosa
A liberdade do falar com a Boca de Cena Escuto Naurêa o Sambaião Sou Cheiroso como o Mamulengo Ando com os Artistas na Luta na quarentena Aprendo com Raízes, Imbuaça, Reação e Irmão.
Finco no barro as pegadas de Pezão Vivo no mundo de Véio e seu imaginário Costuro linhas da vida de rendas com espinhos do sertão Aguardo o Juízo Final de Bispo do Rosário
Sou lutador, sonhador e persistente A minha história precisa ser conhecida A memória reconhecida e preservada Não me apequeno, pois sou resiliente A minha trajetória me deixa envaidecida
Fotos por : Arthur Leite e Adilson Anmdrade
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